Durante uma palestra, o notável advogado do Bitcoin, o tecnólogo e empresário Andreas M. Antonopoulos foi questionado se de fato o Bitcoin torna a vida dos criminosos mais fácil com a seguinte questão: “Será que o Bitcoin tornará mais fácil para os terroristas financiar suas operações?”
Bitcoin ficou conhecido por muitos por seu passado obscuro, notavelmente sua associação com o mercado da Deep Web, a Silk Road. Um refúgio para traficantes de drogas, supostos assassinos e miríades de outras atividades criminosas, infelizmente foi por causa da filiação com a Silk Road que muitos ouviram falar do Bitcoin pela primeira vez.
Essa associação muitas vezes leva as pessoas a acreditarem que o Bitcoin era um embuste ou de alguma forma ilegal, uma reputação que ainda causa atrito às criptocorrências até hoje.
Os que creem nessa narativa referem-se ao anonimato e à incapacidade dos Bitcoins de serem rastreados como uma das principais motivações para as organizações terroristas utilizarem a criptografia como um meio para financiar suas operações.
O engraçado é que esse tipo de suposição se esquece do que acontece com as moedas fiduciárias, como se no dinheiro impresso estivesse gravado todos os lugares por onde ele passou, e como se os maiores terroristas não fossem os governos que querem ter conhecimento total do que você faz com o dinheiro que ganha trabalhando.
Estas mesmas razões que tornam o Bitcoin atraente para organizações criminosas são embasadas profundamente no protocolo da criptocorrência. A utilização do Bitcoin como método de ocultamento de identidades usuários envolvidos em transações é um componente-chave do sucesso da tecnologia de registro distribuído. A proteção da identidade permite registros públicos, mas seguros, que são visíveis para todos os usuários.
Tecnologia no crime
Embora essas características do Bitcoin tornem a tecnologia um caminho potencial para terroristas e criminosos, ao facilitar o sucesso da tecnologia blockchain, essas características, sugere Antonopoulos, são o que tornam as criptocorrências como o Bitcoin um recurso potencialmente disruptivo para a população global (leia-se nas entre linhas, se livrar de governos controladores que tomam seu dinheiro, e o metem em seu próprio bolso, para entender mais o que estou falando, vide o governo do Brasil).
“Vivemos em um mundo onde os criminosos usam a tecnologia”, explica Antonopoulos, “dinheiro, telefones, sapatos, mas não proibimos essas tecnologias apenas porque os criminosos as usam”. Ele responde à pergunta explicando como as criptocorrências e a tecnologia baseada em blockchains servirá um propósito muito maior: dar acesso a sistemas financeiros historicamente fora do alcance para mais de quatro bilhões de pessoas em todo o mundo.
“A maioria da humanidade usá-los-á para comprar alimento, saneamento, cuidados médicos, etc.”. É uma promessa falsa a de que nós vamos parar o terrorismo controlando o dinheiro de todos, porque todo esse controle só vai excluir bilhões de pessoas do sistema financeiro global.
É interessante como essa narrativa batida ainda está em voga. Isso apenas serve de testemunha de como os governos e bancos temem o uso das criptomoedas. Por definição, terrorista é aquele que causa medo/terror aos outros enquanto usa de táticas que assustam ou ameaçam de certa forma a vida de seus pares.
Se olharmos a fundo o que os governos fazem, fica fácil de entender como eles não desejam um sistema monetário através do qual eles não podem impor seu poder à população. O que dizer de um governo que se mantém às custas de seu povo dando pouco ou nada em troca? E ai daqueles que não pagarem o que devem à toda poderosa máquina governamental.
Não seria esse, também, um tipo de terrorismo? Um terrorismo que assola muito mais gente do que qualquer organização terrorista conhecida? O Bitcoin e as criptomoedas são apenas um meio, o que você faz com elas é o que importa, assim como o próprio dinheiro de papel.
Chrys é fundadora e escritora ativa do BTCSoul. Desde que ouviu falar sobre Bitcoin e criptomoedas ela não parou mais de descobrir novidades. Atualmente ela se dedica para trazer o melhor conteúdo sobre as tecnologias disruptivas para o website.