Nos últimos dias, as comissões para transações na rede Bitcoin aumentaram dramaticamente. Na semana passada, elas chegaram a US$26 e, eventualmente, cairam para uma média de US$20 (no entanto, vale ressaltar que antes elas cobravam cerca de US$6).
A razão para isso é simples: a Blockchain do Bitcoin tem um limite rígido no tamanho do bloco – cerca de um megabyte. Com o tamanho típico de 500 bytes das transações, até recentemente o bloco continha em média menos de 2 mil transações. Levando em conta o fato de que um bloco é criado a cada 10 minutos, em média, até 3,3 transações por segundo foram processadas.
A atualização do Segregated Witness em setembro permitiu o armazenamento de assinaturas criptográficas associadas a cada transação separadamente do resto da informação. As assinaturas deixaram de “consumir” o volume do bloco, o que deveria ter duplicado a largura de banda da rede. No entanto, apenas um pequeno número de transações passou a usar este esquema, sendo que a largura de banda média da rede permaneceu abaixo de 2,5 mil transações por bloco – equivalente a cerca de quatro transações por segundo.
Como a comissão por transações em Bitcoin é cobrada
O sistema de comissões para transações em Bitcoin é projetado para lidar com situações em que a demanda pelo uso da rede excede sua largura de banda. Sempre que alguém envia uma transação à rede, essa pessoa tem a oportunidade de atribuir uma comissão a ela – que será paga ao minerador que inserirá a transação no bloco. Caso haja mais transações que espaço livre no bloco atual, os mineradores começam a escolher aqueles com maiores taxas de comissão. Assim, quanto maior a comissão “anexa” a uma transação, mais provável é que ela entre no próximo bloco.
É claro que a demanda flutua ao longo do dia. Portanto, no caso de uma transação não urgente, é possível enviá-la com uma comissão abaixo da média e permitir que ela fique em um estado não confirmado como uma transação pendente por várias horas. Em algum momento, a demanda pode diminuir, facilitando a transferência de fundos a um preço melhor.
Isso significa que nem todas as transações em Bitcoin no período especificado foram acompanhadas por uma comissão média de US$20: alguns usuários pagaram muito mais que isso, já outros, pagaram menos. Por exemplo, houve um momento em que um site informou que o valor a ser pago era de US$16,31 pela transação para que a mesma pudesse entrar no próximo bloco, enquanto para alguns dos seis blocos seguintes (na próxima hora), a comissão era de US$13,46.
Sem dúvida alguma, isso é uma grande dor de cabeça para as pessoas que tentam usar Bitcoin como um sistema de pagamento cotidiano. Se, na etapa inicial do desenvolvimento da rede, os usuários do Bitcoin o elogiaram por pagamentos rápidos e quase zero comissões, agora eles devem escolher entre uma comissão de mais de US$20 e horas, ou até mesmo dias, de espera.
Disputas sobre como lidar com a crescente demanda dividiram a comunidade do Bitcoin. Em um dos lados estão os apoiadores do “bloco grande”, que argumentam que a rede deveria simplesmente aumentar o limite de um megabyte. Após dois anos de discussão, apoiadores de grandes blocos criaram o Bitcoin Cash, um fork do principal software do Bitcoin que permite o uso de blocos de até 8 megabytes.
Representantes do segundo campo – incluindo os principais desenvolvedores do cliente padrão do Bitcoin – temem que blocos maiores possam complicar a participação de usuários comuns em processos Peer-to-Peer ao verificar transações. Em vez disso, as esperanças deles estão ligadas à rede Lightning Network, uma rede de pagamento experimental que roteia pagamentos usando cadeias de canais de pagamento. Caso a Lightning funcione da forma que os apoiadores esperam, isso permitirá que a maioria das transações em Bitcoin aconteça fora da rede principal. Como resultado, será possível fazer muito mais transações sem aumentar o tamanho do bloco.
Chrys é fundadora e escritora ativa do BTCSoul. Desde que ouviu falar sobre Bitcoin e criptomoedas ela não parou mais de descobrir novidades. Atualmente ela se dedica para trazer o melhor conteúdo sobre as tecnologias disruptivas para o website.