Publicism, uma empresa social holandesa estabelecida no início deste ano, quer aproveitar o potencial da tecnologia blockchain para garantir a liberdade de imprensa. A iniciativa é apoiada por um subsídio de € 50.000 (US$ 52.000) do Fundo de Jornalismo Holandês (Stimuleringsfonds voor de Journalistiek), uma organização apoiada pelo Ministério da Educação, Cultura e Ciência do país, que busca estimular a qualidade, diversidade e independência do jornalismo.
A Publicism é uma iniciativa de três veteranos da mídia holandesa: Pieter Haasnoot, Annemieke Teune e John Oliveira. Preocupada com o declínio da liberdade de imprensa em todo o mundo, a equipe acredita que a tecnologia blockchain pode ser parte de uma solução para reverter essa tendência.
“Devido a fatores tanto técnicos quanto econômicos, a liberdade de imprensa está sob cerco em todo o mundo. Tecnicamente, é relativamente difícil para os jornalistas manter seus próprios dados privados, bem como dados fornecidos por suas fontes. Economicamente, uma parcela maior da torta de monetização acaba nos bolsos de gigantes da Internet como Google ou Facebook, ao invés de em empresas de mídia para investirem em jornalismo investigativo”.
Talvez o mais importante, a blockchain deve ser capaz de oferecer censura resistente e ferramentas imutáveis de radiodifusão. Claro, tecnologias como Tor e BitTorrent estão aí também, embora “muitas vezes ilegais ou não prontamente disponíveis para aqueles que mais precisam delas”, disse Haasnoot. “Utilizar o potencial atualmente, ainda requer um pouco de conhecimento técnico. Podemos fazer melhor.”
No centro do projeto, a Publicism planeja tornar essas ferramentas facilmente disponíveis para os jornalistas através de um painel conveniente. A publicação de histórias e também pagamentos e direitos de propriedade serão gerenciados através deste painel, preservando o anonimato tanto para jornalistas quanto para seus leitores.
“A tecnologia Blockchain, ou mais especificamente contratos inteligentes, podem ser aplicados em micro pagamentos”, disse Oliveira. “Ou para gerenciar bolsas e crowdfunding de leitores, doadores ou apoiadores que desejam permanecer anônimos, sem necessidade de intermediários.”
Enquanto a missão é clara, Haasnoot, Teune e Oliveira reconheceram que ainda estão em uma fase exploratória para descobrir qual a melhor maneira de atingir seu objetivo. Lançado como um esforço de meio período, a Publicism ainda tem que preencher muitos dos detalhes, tanto no nível conceitual como prático. A equipe se associou recentemente com a World Press Photo e a Radboud University Nijmegen para explorar diferentes opções.
“Inicialmente fomos um pouco ingênuos, e tínhamos a impressão de que muitas das soluções já estavam lá fora, pense em Decent ou Steemit”, admitiu Haasnoot. “À medida que aprendemos mais sobre essa tecnologia e esses os vários tipos de projetos, descobrimos que muitos deles ainda estavam tentando descobrir as respostas por si mesmos, e vários pareciam concentrados principalmente em ganhar dinheiro com algum tipo de esquema”.
Para transformar a Publicism em um produto real, a equipe por agora se concentra principalmente no Hyperledger, que Haasnoot, Teune e Oliveira consideram um bom ambiente para aprender os conceitos básicos da tecnologia blockchain e experimentar. Para os estágios futuros, a Publicism pode considerar outras blockchains, como a do Bitcoin, possivelmente em combinação com uma sidechain semelhante à do Ethereum. Uma prova de conceito para a Publicism deve ser concluída em fevereiro, enquanto um produto minimamente viável está previsto para Julho.
A única pergunta que fica é: como uma plataforma financiada pelo estado será imparcial?
Chrys é fundadora e escritora ativa do BTCSoul. Desde que ouviu falar sobre Bitcoin e criptomoedas ela não parou mais de descobrir novidades. Atualmente ela se dedica para trazer o melhor conteúdo sobre as tecnologias disruptivas para o website.
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