Emitido pela Tether, o token USDT, de acordo com o plano de seus criadores, tem seu preço equivalente ao dólar dos EUA, mas há sugestões de que eles nem sempre isso ocorre e seu uso pode representar um risco para os investidores. Uma análise detalhada e uma versão do que estava acontecendo foram publicadas pelo usuário BitCrypto’ed no Hackernoon.
O artigo intitulado “The Curious Case of Tether” afirma que o token foi estável ao longo de 2016 e, somente em março de 2017, seu preço começou a flutuar. Isso aconteceu não só em torno do rápido crescimento dos preços do Bitcoin, mas também coincidiu com a notícia de que o banco americano Wells Fargo havia cessado a cooperação com os sócios taiwaneses Bitfinex e Tether, deixando efetivamente o último sem serviços bancários.
Como a iFinex (operador da Bitfinex) e a Tether alegaram, a Wells Fargo não só suspendeu as contas dos clientes, mas também não forneceu nenhuma explicação que esclarecesse a situação.
No final de abril, a Tether Limited fez uma declaração descrevendo os desenvolvimentos:
“A partir de 18 de abril, todas as transações bancárias internacionais recebidas pela Tether são bloqueadas por nossos bancos em Taiwan. Nestas condições, não podemos esperar que o número de tokens produzidos aumentará substancialmente até que essas restrições sejam levantadas”.
A declaração da Tether Limited também disse que a empresa está procurando corredores bancários alternativos que permitirão retomar a possibilidade de fazer depósitos e retiradas, e novos tokens USDT não estão sendo emitidos. A Tether continua a manter sua relação com o dólar verdadeira, no nível de 1:1.
A última afirmação, no entanto, não correspondeu à realidade. Como pode ser visto no gráfico abaixo, no contexto desses eventos, o curso primeiro caiu bruscamente, e então cresceu acima de US$ 1.
Como BitCrypto’ed nota, observando que a parada das operações criaria maiores riscos para todo o negócio da empresa, de lá para cá a Tether não fez nenhuma declaração de que os problemas foram resolvidos. No entanto, tendo em conta o fato de que o token ainda é comercializado, o artigo pressupõe que a empresa resolveu seus problemas através de emissão adicional, embora tenha insistido que não o faria.
De acordo com o BitCrypto’ed, desde o início de setembro, foram adicionados 70 milhões de novos tokens Tether que não possuem garantia. Em julho e agosto, foram lançados mais de 100 milhões de tokens.
$25 MILLION NEW TETHERS, $70 MILLION IN PAST 3 DAYS. pic.twitter.com/9JO0PpHp5Y
— BitCrypto’ed🔥 (@Bitfinexed) 5 de setembro de 2017
O autor também sugere que a Tether Limited, para se manter à viável, pode estar envolvida no registro de empresas fictícias e na abertura de novas contas bancárias sobre elas. Na sua opinião, tais ações devem inevitavelmente atrair a atenção dos reguladores e a Bitfinex, como uma empresa parceira da Tether, que vende o USDT, também pode enfrentar sérios problemas. Também foi alegado que o USDT muito provavelmente é usado na Bitfinex para transações fraudulentas na negociação de margem.
Vale ressaltar que o artigo na Hackernoon quase coincidiu com a nova declaração da Tether, na qual a empresa diz que está ciente dos rumores e especulações em torno disso, mas assegura que possui fundos suficientes para garantir suas operações diárias.
“Apesar das dificuldades com os serviços bancários, dezenas de milhões de dólares podem ser transferidos através de contas Tether através dos canais já estabelecidos. Embora esses canais não estejam disponíveis para todos os usuários, os fluxos criados através deles são suficientes para fornecer suporte para negociação baseada em Tether nos mercados com pares com base no dólar”, disse a Tether.
New #Tether announcements on audits, banking, technology updates and new currencies: https://t.co/3Fi2wraItD
— Tether (@Tether_to) 5 de setembro de 2017
A empresa também garante que, seus saldos bancários estão sujeitos a auditorias periódicas da empresa taiwanesa TOPSUN CPAs & Co e oferece esses documentos para revisão em inglês. Além disso, levando em consideração a escala da controvérsia, a empresa contratou os serviços da firma de Nova York, Friedman LLP, que realizará outra auditoria trimestral completa dos balanços da empresa a partir de 31 de dezembro de 2016. Os resultados desta verificação serão abertos ao publico em geral.
A Tether também respondeu às premissas que, de acordo com os Termos de Serviço no site da empresa, não se comprometem a converter tokens em moedas fiduciárias.
“Isso não é verdade. Embora conservem o direito de não reembolsar os tokens de um único cliente, não faremos isso sem causa. Devemos fazer todo o possível para garantir que nosso serviço não seja usado por pessoas de países na lista de sanções, ou que têm problemas para verificar seu histórico”.
A empresa acrescentou que continua a trabalhar na liberação de tokens USDT na blockchain do Litecoin, fato que se tornou conhecida pela primeira vez nesse trimestre. Além disso, ainda planeja-se integrar o Tether na carteira de hardware Trezor.
Chrys é fundadora e escritora ativa do BTCSoul. Desde que ouviu falar sobre Bitcoin e criptomoedas ela não parou mais de descobrir novidades. Atualmente ela se dedica para trazer o melhor conteúdo sobre as tecnologias disruptivas para o website.