Atraídos pelo mercado de bens digitais que começaram a ser trocados por dinheiro real – de tintas do Neopets em 2006 e ingressos de shows a skins de Counter Strike sendo vendidas por 60 mil dólares – o fundador do Ticketfly e Ticketweb, Dan Teree, o desbravador da Blockchain, Riccardo “fluffypony” Spagni, e o empreendedor Naveen Jain, se juntaram para aplicar o registro distribuído e tornar esse mercado muito mais prático: a intenção é implantar a plataforma diretamente no marketplace das aplicações e dos jogos. A moeda denominada Tari, que significa “dança” em árabe, permite que, por exemplo, uma skin de Dota 2 possa ser facilmente trocada por um ingresso para uma festa.
A poderosa equipe por trás do projeto
Dan Teree
Dan Teree é um dos fundadores do Ticketfly, e executivo sênior do Ticketmaster, principal sistema de venda de ingressos para eventos dos Estados Unidos. Para o mercado de ingressos, o sistema de Blockchain é uma aplicação ideal, já que a venda de ingressos feita manualmente é enfadonha, principalmente quando o consumidor e o vendedor estão a quilômetros de distância. Segundo Dan, a Ticketmaster, inclusive, já planejava implementar um sistema que substituisse completamente o código de barra dos ingressos por um totalmente digital para que os fãs pudessem trocar mais facilmente. Isso oferece mais poder de manejo para a plataforma e diminui o risco de fraude. Estima-se que 20% do valor econômico do ingresso seja perdido na revenda “manual”.
Riccardo “fluffypony” Spagni
Um dos nomes da equipe do Monero Core, fundadores e desenvolvedores da criptomoeda Monero – que deu um passo acima das outras em privacidade, e conquistou a possibilidade de esconder todos os dados de quem executa transações na Blockchain, e faz uso de um processo de mineração mais “justo e igualitário”. Note que o Monero é a 13ª moeda mais valiosa em capitalização de mercado.
Naveen Jain
Nome antigo nos negócios virtuais, fundador e CEO da InfoSpace, uma das maiores empresas de internet antes da bolha dot-com. Jain continuou fundando diversas empresas focadas no mercado digital e investindo em outras desde então, incluindo organizações sem fins lucrativos.
Sobre o Tari
Tari é uma solução de segunda camada (second layer), ou seja, que não funciona por si só. Fluffypony já falou sobre a importância de soluções de segunda camada em uma entrevista ano passado. Veja bem: Blockchains podem funcionar normalmente e ter seu potencial aumentado por soluções de segunda camada, que também são outras soluções de Blockchain com sua própria criptomoeda. O Tari é uma solução desse tipo., e será construído especificamente sobre o Monero.
Todo o desenvolvimento da solução está sendo feita em Joanesburgo, África do Sul, terra natal de Fluffypony e financiado por diversas empresas de venture capital com grandes nomes, incluindo Redpoint, Trinity Ventures, Canaan Partners, Slow Ventures, Aspect Ventures e outras especializadas em financiamento de Blockchain.
Tari vai beneficiar o Monero
De acordo com Fluffypony, os laboratórios de pesquisa do Tari vão trabalhar lado a lado com o Monero para implementar melhorias, principalmente em soluções de escalabilidade. Os pesquisadores do Tari também estão tentando implementar “atomic swaps” (trocas instantâneas entre uma criptomoeda e outra) entre Monero e outras moedas e, é claro, entre Monero e o Tari. Uma das expectativas para o futuro é que eles criem hubs de contribuições ao redor do mundo, nas quais pessoas poderão trabalhar no Monero e no Tari remotamente por um tempo.
Em tempo, uma moeda digital para o que é digital.
Desenvolvedores de aplicativos e, principalmente, de jogos, às vezes têm dificuldade de adaptar o mercado “tradicional” ao mercado “interno” que emerge a partir desses lugares. O Tari terá a capacidade de ajudar a garantir, por exemplo, que um app será fiel ao mecanismo esperado de um jogo – essa é uma preocupação que tem sido cada vez mais presente, já que marketplaces envolvendo dinheiro real têm surgido cada vez mais a partir de jogos online. O Tari garante que as regras sejam seguidas e faz com que o processo seja muito mais fácil, simples e menos burocrático.
As expectativas para o Tari são altas. O aplicativo faz sentido, e é possível enxergar claramente onde ele pode ser aplicado (o time também não poderia ser mais experiente). Não se sabe ainda quando o Tari surgirá, mas o clima é de uma boa recepção.
Carlos Eduardo é um engenheiro frustrado que, ao decidir investir em criptomoedas e estudar o mercado, decidiu que gostava mais disso que do investimento em si. Já trabalhou como consultor para criptomoedas atualmente no top 100, dApps e publica periodicamente em revistas americanas e, aqui no Brasil, na BTCSoul. Acredita que a adoção geral de uma Smart Economy resolveria boa parte dos problemas do mundo.