O declínio do mercado de criptomoedas e do hashrate que está em andamento durante quase um ano têm tornado muitas das moedas cada vez mais vulneráveis a ataques de 51%, o que foi confirmado por mais um incidente deste tipo: desta vez, a “vítima” foi a criptomoeda Vertcoin (VTC).
Desde meados de novembro, os atacantes conseguiram cometer pelo menos 15 episódios de gasto duplo com mais de US$100 mil. No total, ocorreram 22 casos de reorganização da cadeia, em um dos quais mais de 300 dos últimos blocos foram reescritos. Isto, em particular, foi relatado pelo engenheiro de segurança da Coinbase, Mark Nesbitt.
Aqui está um exemplo de bloco no qual ocorreu um gasto inicial de cerca de 1,3 mil VTC. Como resultado do ataque de reorganização, esse bloco foi excluído da cadeia principal da rede e, em seguida, substituído. As mesmas moedas foram gastas novamente em outro bloco.
Os ataques que visam reorganização dos blocos permitem que os invasores façam transações (por exemplo, enviem moedas para uma corretora, esperem pela confirmação, vendam e retirem Bitcoins) e usem o hashrate dominante da rede para criar uma nova cadeia alternativa. Como resultado, a história da Blockchain será reescrita de tal forma que o registro de envio de moedas para a corretora não será salvo.
Em Blockchain com o algoritmo Proof-of-Work, existe a regra de “cadeia mais longa”, ou seja, uma cadeia com o número máximo de blocos é sempre considerada verdadeira. Ao encontrar esses blocos muito rapidamente, o invasor poderá reescrever a história, fazer mais uma transação e vender as mesmas moedas novamente.
De acordo com Nesbitt, desenvolvedores de algumas criptomoedas com um grande histórico de transações afirmam que estão suficientemente protegidos para permitir a integração de algoritmos de proteção de mineração em dispositivos ASIC especializados e, assim, fornecer um maior nível de descentralização. No entanto, em sua opinião, esta abordagem prejudica a segurança dos sistemas, o que é confirmado pelo exemplo da Vertcoin.
Ao contrário do Bitcoin, o Vertcoin usa o chamado algoritmo resistente a ASIC, ou seja, não requer equipamentos de mineração especializados. Em comparação, para realizar o mesmo ataque ao Bitcoin, os invasores teriam que acumular capacidades por muito tempo, gastando enormes quantias de dinheiro antes que isso se tornasse possível apenas teoricamente.
No caso do Vertcoin, além do dano à reputação da própria rede, as principais vítimas são as corretoras, que essencialmente pagaram com dinheiro próprio e foram castigadas pela auditoria insuficiente técnica e pela listagem de uma moeda que era insegura desde o começo.
O custo estimado de um ataque de 51% que dura uma hora usando recursos de computação disponíveis para aluguel pode, por exemplo, ser encontrado no site Crypto51. Como é possível observar, para algumas criptomoedas, o custo de tal ataque acaba sendo extremamente baixo. Assim, o ataque ao próprio Vertcoin custará US$10. Atacar o Einsteinium seria mais barato ainda: US$14 por hora.
No início deste ano, a chefa da Lightning Labs, Elizabeth Stark, alertou que o número de ataques de 51% contra altcoins aumentaria. Entre os recentes ataques, pode-se citar os incidentes com a criptomoeda ucraniana Karbo [Karbovanets] e com o AurumCoin – o ataque a esse último custou mais de meio milhão de dólares para a corretora Cryptopia.
Vale ressaltar que o projeto Vertcoin tem ligações informais com a Digital Currency Initiative do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e também é conhecido por ter implementado os protocolos Segregated Witness e Lightning Network.
Chrys é fundadora e escritora ativa do BTCSoul. Desde que ouviu falar sobre Bitcoin e criptomoedas ela não parou mais de descobrir novidades. Atualmente ela se dedica para trazer o melhor conteúdo sobre as tecnologias disruptivas para o website.