Zilliqa (ZIL), nova figurinha do top 30 das criptomoedas, apresenta escalabilidade inversa.

Zilliqa foi a vigésima oitava criptomoeda a atingir uma capitalização de mercado de US$1 bilhão. A criptomoeda é um projeto de Singapura, país que vem sendo um dos pioneiros em aplicativos de Blockchain – tanto no desenvolvimento de novas tecnologias quanto nas relações e adoção governamental dessas soluções. Zilliqa é um ambiente para contratos virtuais, aplicativos e criptomoedas, assim como o Ethereum e o Cardano. Como principal atrativo e diferencial, a Zilliqa apresenta uma solução única para a escalabilidade, que se apresenta como um dos maiores problemas atuais (e a longo prazo), e para a sustentabilidade das criptomoedas e plataformas de Blockchain – adota um sistema de mineração baseado no protocolo de Proof-of-Work (PoW), no qual, assim como no Bitcoin, a escalabilidade acontece de forma inversa. Sim, quanto maior o número de transações, mais rápidas elas ficam, e isso se dá pelo sistema de sharding, tecnologia inédita implementada pela Zilliqa. Vale ressaltar que, de acordo com o whitepaper, a velocidade esperada de cada transação é 3 mil vezes maior que aquela esperada pelo Ethereum.

Por que a escalabilidade é um problema tão grave?

Decorrente do aumento do número de transações, a escalabilidade é, atualmente, um dos maiores problemas enfrentados pela maioria das plataformas de Blockchain e criptomoedas. Quando Satoshi desenvolveu o Bitcoin, ele (e provavelmente toda comunidade de criptos à época) não esperava uma adoção tão grande e repentina da tecnologia, com um número de transações alto como é hoje. O resultado disso se traduz nos tempos de espera para transação no Bitcoin e Ethereum, bem como no alto preço pago para mineradores e por GAS. Com um tempo de confirmação de transação tão longo, é claro que o uso da moeda se torna inviável para o dia a dia. A confirmação média para uma transação no Bitcoin, no último mês, por exemplo, foi de, no mínimo, 6 minutos e meio, sendo que, entre os dias 10 e 12, chegou a mais de 2 horas. Isso pode ser verificado pelo gráfico a seguir:

Fonte: https://Blockchain.info/pt/charts/avg-confirmation-time?timespan=30days

Isso acontece por um motivo inerente à Blockchain: na maioria dos casos, o registro não fica hospedado em um servidor central, e é por isso que diz-se que ele é decentralizado (o Ripple é uma das únicas exceções notáveis a isso, pois os nós dele ficam em servidores selecionados). Todos os usuários da plataforma/moeda podem ser um nó, e todos esses nós possuem uma “cópia” do registro público de todas transações (a Blockchain!) e devem verificar cada uma e “passar pra frente” para que o nó seguinte faça o mesmo. Atualmente, o Bitcoin conta com 10.028 nós e o Ethereum, com 16.161. É isso que garante a segurança dessas criptomoedas (qualquer um pode ser um nó e aceitar ou rejeitar transações), além da criação de blocos por mineradores. Sempre que uma transação é feita, o usuário deve pagar uma taxa ao minerador do bloco que detém aquela transação. A mineração é um trabalho laboroso para uma CPU, sendo que alguns mineradores conseguem investir em máquinas que fazem isso muito rapidamente. Cada transação inclui o quanto o usuário está disposto a pagar para um minerador. Os que fazem isso mais rapidamente, cobrarão mais caro, e vice versa. Ou seja, quem não está disposto a pagar caro por isso e quiser incluir a taxa mínima, precisa esperar proporcionalmente mais do que quem inclui uma taxa mais alta. Isso onera transações pequenas e corriqueiras, pois o impacto do custo de transação nessas é proporcionalmente maior que nas maiores.

Algumas medidas são adotadas pelos desenvolvedores dessas plataformas, como os famigerados SegWit e Lightning Network. O primeiro, adotado pelo Bitcoin, ao invés dos blocos inteiros, consegue repassar apenas informações “essenciais” para a verificação dos blocos, diminuindo, dessa forma, a quantidade computacional necessaria para isso. Depois que que essa medida foi implementada pela Primeira Moeda, a quantidade de espera para que uma transação fosse validada reduziu significativamente, contudo, isso é apenas um band-aid, já que, como pode ser visto, o tempo continua alto e inviável para transações corriqueiras, ao contrário do de empresas privadas como Visa e MasterCard, que conseguem fazer isso em alguns segundos. Outras criptomoedas buscam, como solução, centralizar e permitir que apenas nós autorizados possam verificar as transações da Blockchain – é o caso do Ripple, que possui uma lista unificada de nós (usuários desta criptomoeda não podem participar desse processo). Por sua vez, a Blockchain está hospedado em alguns poucos servidores autorizados que fazem essa verificação, que compõe a lista de nós do Ripple. Alguns desses nós incluem os data centers da Microsoft e do MIT, extremamente potentes computacionalmente e que fazem esse trabalho muito rápido. Por conta dessa característica, transações na Ripple Network acontecem quase instantaneamente. O tradeoff é a descentralização da Blockchain – como os usuarios comuns não podem fazer essa verificação, eles devem confiar que os nós autorizados estão sendo honestos.

No caso da Zilliqa, ela utiliza uma forma de verificação completamente nova e que parece, até o momento, resolver muito bem o problema da escalabilidade, é o chamado sharding.

Sharding e a Zilliqa

A Zilliqa divide os blocos em micro-blocos. Os mineradores, por sua vez, ao invés de minerar blocos inteiros, mineram esses blocos menores, denominados shards. As informações dos blocos são dividas de forma aleatória e posteriormente reunidas. Os mineradores não têm controle e não ficam sabendo sobre como os outros verificarão esse shard, e nem mesmo do tamanho delas. Fica evidente que, pelo nível de aleatoriedade, a segurança garantida é a mesma, necessitando de menos poder computacional para cada bloco (pois eles são divididos em vários, aleatoriamente). Dessa vez, nem todos os nós verificam todo a Blockchain, mas são divididos em grupos para verificar cada shard e, apenas no final, um protocolo implementado consegue unir esses shards em um bloco consistente e adicionar ao registro. Quanto mais blocos, mais informação deve ser verificada. No entanto, quanto mais nós, mais grupos de nós conseguem ser formados para verificar cada shard. Ou seja, a escalabilidade acontece de forma inversa – quanto mais nós, mais rápido acontece a transação, ao contrário do método tradicional, em que cada nó adicional significa mais um CPU que deve autenticar o mesmo bloco.

Mais sobre a Zilliqa

A plataforma conseguiu, rapidamente, em apenas alguns meses, atingir uma capitalização de mercado suficiente para ficar no top 30 de criptomoedas, pegando muitos de surpresa.

Fonte: coinmarketcap.com

Esse gráfico mostra toda história da moeda, a ZIL. Como extremamente nova, é algo realmente surpreendente que essa criptomoeda consiga atingir um patamar desses tão rapidamente. 

Além disso, a plataforma propõe um ambiente de programação único e mais amigável que o do Ethereum (para os smart contracts), especialmente para lidar com computação em larga escala.

Seus principais concorrentes, é claro, são as plataformas mais consolidadas e que fazem algo parecido, como Ethereum, Cardano e NEO. Nenhuma dessas, no entanto, conseguiu resolver o problema da escalabilidade como a Zilliqa o fez. Não sabemos o que vem pela frente, já que a Zilliqa sequer lançou seu mainnet ainda, ou seja, ainda está em fase de testes, apesar de tantos usuários já fazerem uso dela normalmente. Se tudo se der como os conformes, as plataformas do top 10 terão um grande concorrente pela frente.

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